O setor alimentício é uma grande potência nacional. Em 2018, ele representou 9,6% do PIB brasileiro e o faturamento das empresas foi superior a R$528,3 bilhões.
Uma das commodities que mais cresceram na década passada foi o milho. Isso reflete a tendência de demanda por outras indústrias, que usam o milho como base para a produção de diversos itens, como fraldas, embalagens e alimento para o gado.
Porém, quando observamos o consumo das pessoas, o milho não teve um crescimento tão elevado.
Diferentemente dos grãos, como milho e soja, o consumo tem se movido por outras tendências como o vegetarianismo e veganismo, a gourmetização dos pratos e alimentos. Além disso, a tendência por maiores cuidados com a saúde e a busca por dietas tem gerado uma busca maior por uma alimentação fitness.
Portanto, nesta matéria será abordado o impacto desses movimentos no setor alimentício e como as empresas podem agir pensando no futuro.
Veganismo
Evolução
A década de 2010 foi um período de crescimento elevado do número de pessoas que se declaravam veganas e do aumento do consumo de produtos e pratos à base de plantas. No começo do período, em 2011, um total de 17,5 milhões de brasileiros e brasileiras se reconheciam como veganos. Já em 2018, esse número ultrapassou 29,2 milhões de cidadãos, segundo dados do IBOPE.
Portanto, percebe-se que houve um crescimento superior a 60% no período. Além disso, sua participação no total da população ultrapassou os dois dígitos, terminando em 14% no geral e em 16% nas regiões metropolitanas.
Tal crescimento pode ser percebido pela atenção que o tema vem ganhando no cotidiano, seja como pauta em programas de TV, seja como notícias sobre o assunto nos jornais e telejornais.
Outra forma de observar a tendência é pelos cardápios de restaurantes e bares que passaram a oferecer um espaço especial em seu menu para produtos veganos ou identificando-os com ícones próprios, diferenciando-os dos demais produtos.
Além disso, quando abre-se a interface de aplicativos de delivery como iFood e Uber Eats é possível ver abas exclusiva para essas categorias:
O preço ainda é um dos fatores determinantes na hora de se manter uma dieta baseada em itens veganos. Isso porque 60% das pessoas consumiriam mais desses produtos se eles tivessem o mesmo preço que os produtos tradicionais.
Vale ressaltar aqui a diferença entre pessoas vegetarianas e pessoas veganas. As primeiras deixam de consumir carnes de todo tipo, alterando sua dieta, enquanto que as segundas não consomem nenhum item de origem animal, se assemelhando a um estilo de vida.
Essa diferença deixa mais claro o porquê do preço ser tão relevante, visto que os veganos não alteram apenas sua alimentação, mas modificam sua cesta de consumo de outros bens.
Futuro
Portanto, com tudo apresentado até então, é possível observar que o setor alimentício tem algumas transformações para serem feitas. Algumas inovações poderão se realizar a fim de contemplar esse estilo de vida cada vez maior.
Elas deverão ser feitas no intuito de oferecer uma maior diversidade de produtos a esse grupo de pessoas e aumentar o leque de produtos tradicionais que possuem uma versão vegana.
Um relatório da BofA Secutiries, enfatiza essa necessidade de investimentos e pesquisa. As oportunidades de mercado para essa área valem hoje mais de US$ 200 bilhões e têm como previsão superarem a marca de US$300 bilhões até 2030.
Proteínas
Um dos principais itens para uma dieta vegetariana ou vegana é a busca por outras fontes de proteínas. Além das tradicionais carnes de soja, trigo e ervilha, existe, ainda, uma variedade de alimentos que podem ser usados como fontes de proteínas para essa dieta.
Como exemplos, pode-se citar o grão-de-bico, que já é utilizado em massas, e as algas marinhas. Ambos os alimentos poderão servir como outras opções de proteínas à base de plantas. Uma outra opção como fonte proteica e muito comum no Brasil, é o coco. Apesar de não ser consumido como proteína, a fruta já é muito comum em bebidas, saladas e sopas.
Sobremesas
Outra dificuldade encontrada por veganos é encontrar opções de doces e sobremesas. Muitas acabam usando insumos derivados de animais como leite e ovos. Porém já existem algumas opções sendo desenvolvidas no exterior e que podem ser pioneiras no Brasil.
Um exemplo são os sorvetes desenvolvidos à base de milho, batatas, cana de açúcar e óleo de canola. Dessa forma o doce não usa leite de vaca e atinge um público maior.
Outra opção são as panquecas japonesas, que podem ter sua massa adaptada para uma opção vegana e podem ser acompanhadas de frutas. Além disso, existem os brownies e bolos veganos que já são mais populares.
Fitness
Evolução
Os índices de obesidade estão crescendo numa velocidade elevada no Brasil, tendo, em 2019, registrado o maior número de pessoas obesas da última década.
Entretanto, ao mesmo tempo em que o país apresenta esses resultados, houve também um aumento dos cuidados com a saúde e com a alimentação. De 2008 a 2018 houve um crescimento do consumo de frutas e hortaliças, como também uma queda no consumo de refrigerantes e sucos artificiais.
Segundo relatório da Euromonitor Internacional, houve um crescimento de 98% do mercado de alimentação saudável entre 2009-2014 no Brasil. Portanto, o setor alimentício já tem sinais de uma resposta de oferta para essa demanda crescente de produtos saudáveis.
Além disso, um outro exemplo de como as pessoas estão cada vez mais atentas a questões ligadas à educação alimentar e um estilo de vida saudável, é o entretenimento que consomem. Nos últimos anos os digital influencers cresceram exponencialmente e o ramo de life style é um dos maiores dentro das redes sociais.
Isso é resultado da busca pelo cuidado com a saúde. Assim como o tema do veganismo, uma alimentação mais saudável é tema de jornais, programas de televisão e até mesmo competições como o Masterchef. O carisma dos jurados para tratar de temas como uma alimentação balanceada se estende para as redes sociais onde mobilizam e inspiram uma grande quantidade de pessoas.
Todas essas características criaram a base para as tendências que são vistas hoje e que continuarão nos próximos anos.
Futuro
O relatório da Brasil Food Trends 2020, ao analisar as tendências da alimentação, destaca a saudabilidade e bem-estar para o futuro. Questões como o acesso à informação facilitado pela internet, as descobertas científicas apontando a relação de alimentos na prevenção de doenças e o envelhecimento da população são alguns pontos importantes para essa tendência.
Portanto, o setor alimentício poderá optar em se especializar em diversas áreas, focando em produtos benéficos à saúde mental e física. Ademais, produtos com baixo teor calórico e segmentos como light e diet devem continuar crescendo.
Um ponto que vem ganhando cada vez mais relevância é a adição de glúten em alguns produtos. Algumas pessoas por possuírem restrições médicas necessitam encontrar produtos livres desta proteína. Além disso, um número relevante de nutricionistas e influencers passaram a recomendar dietas sem a substância.
Outra oportunidade de crescimento está no cultivo e comercialização de produtos orgânicos. Além de não possuírem alimentos geneticamente modificados e agrotóxicos, a agricultura orgânica é feita de uma forma sustentável, respeitando as características naturais e socioeconômicas do campo.
Logo, além de atrair um público por motivações de saúde, os produtos orgânicos encantam um público semelhante ao dos produtos veganos. Isso porque, ambos modificam seus hábitos alimentares e incorporam posições de mudança em seu estilo de vida.
Dessa forma, o setor alimentício pode responder aumentando a diversidade da sua oferta. Para bares e restaurante, adicionar no cardápio opções que envolvam essas questões pode contribuir para criar um ambiente inclusivo, abraçando uma clientela maior.
Sustentabilidade
Por fim, um aumento da preocupação com a alimentação vem acompanhado, muitas vezes, de um pensamento voltado para um ‘consumo com propósito’, ou seja, além das mudanças internas, as pessoas também estão preocupadas com o mundo e o planeta.
Consequentemente, questões como a sustentabilidade são importantes para esse grupo de pessoas. Por isso, os estabelecimentos devem pensar em estratégias que incluam uma atenção para a sustentabilidade. Isso poderá ser um diferencial e um atrativo para muitos clientes.
Uma das opções que estão ganhando popularidade são as embalagens e utensílios comestíveis, muitas delas feitas à base de plantas. Essa foi uma das soluções encontradas para evitar o desperdício e o gasto com diversos materiais.
Gourmetização
Outros fatores levantados pelo relatório da Brasil Food Trends 2020, são os aspectos da qualidade e do prazer. Isso significa que as pessoas estão preocupadas com a qualidade de seus alimentos, mas também no prazer e nas sensações experimentadas ao comer.
No Brasil, esses dois tópicos juntos respondem a quase 50% da prioridade que os brasileiros escolhem ao comprar seus alimentos.
Portanto, os empreendimentos devem estar atentos em como podem providenciar uma experiência única para o consumidor. Diferenciais podem ser criados de diversas formas: desde embalagens excêntricas, que se comunicam de uma melhor forma com o seu público, até cardápios inclusivos, já mencionados anteriormente.
Ambiente
Outro ponto de destaque que pode ser utilizado é a ambientação. Investir em locais únicos que proporcionam novas experiências de consumo são um ponto de grande destaque. O setor alimentício observa cada vez mais o surgimento de bares e restaurantes com interiores singulares como bares de gelo e restaurantes temáticos.
Esse maior cuidado com o interior do estabelecimento pode gerar um marketing gratuito, despertar curiosidade no público e providenciar uma experiência visual fora da tradicional.
Apresentação
Um outro exemplo de como se diferenciar da concorrência é apostar em louças incomuns. A apresentação das refeições em pratos diferenciados e copos extravagantes pode chamar a atenção da clientela. O resultado disso poder ser o mesmo proporcionado pela ambientação diferenciada: compartilhamentos espontâneos nas redes sociais.
Uma das formas de conciliar propostas é apostar em embalagens sustentáveis ou até comestíveis. Isso poderia agregar na proposta do seu negócio, para se comunicar com um público mais diversos.
Conclusão
Pode-se concluir que o futuro no setor alimentício será marcado pela inclusão. Essa tendência é muito relevante em diversos setores da sociedade. Portanto, os negócios que seguirem esse caminho, optando pela diversidade, poderão ter vantagem no futuro.
Para isso, os empreendimentos podem adotar e evidenciar opções veganas em seus cardápios. Ademais, há a possibilidade de implementar alternativas saudáveis de pratos mais gordurosos e pensar em ideias fitness para serem implementadas.
Por fim, é necessário ressaltar que o público no futuro será cada vez mais exigente no consumo. O paladar não será o único sentido com o qual os negócios devem se preocupar. Desenhar propostas que encantam os olhos (visão) e os ouvidos (audição) podem gerar grandes pay-offs (dívidas) nos próximos anos.
Percebe-se, então, que incluir essas tendências na sua empresa pode-se ser um pouco desafiador. Seria necessário possuir uma boa gestão de qualidade, para garantir que o nível do serviço não caia com o investimento. Caso você tenha interesse em saber mais sobre o tema, vale a pena conferir esse texto. Conseguindo medir a qualidade do seu negócio, promoções poderão ser feitas para captar esse público novo. Isso porque você estará acompanhando a performance da sua empresa. Caso precise de ajuda para implementar descontos, também temos um texto sobre o assunto.
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